A imersão regular em água gelada interfere nas adaptações fisiológicas provocadas pelo treinamento f
- Thiago Lopes
- 6 de ago. de 2017
- 2 min de leitura
Vimos em postagens recentes que a imersão em água gelada recupera a força muscular após uma sessão de sprints intervalados devido ao efeito placebo (veja aqui) e que a utilização regular da imersão em água gelada ao longo de um período de treinamento aeróbio tem efeito positivo sobre as adaptações mitocondriais e o desempenho de resistência (veja aqui). Porém, dependendo da modalidade, atletas precisam além de uma boa aptidão aeróbia, uma capacidade neuromuscular bem desenvolvida. Nesse sentido, qual será o efeito da imersão em água gelada realizada regularmente ao longo do treinamento de força?

Um estudo muito bem conduzido recentemente publicado no tradicional periódico científico The Journal of Physiology trás informações importantes a respeito desse tópico. Esse estudo foi dividido em duas etapas. Na primeira foi investigado o efeito da imersão em água gelada realizada regularmente ao longo do treinamento de força sobre os ganhos na força e massa muscular. Para tanto, 21 homens ativos realizaram treinamento de força (8-12 RM) nos membros inferiores por 12 semanas (2x/semana). Esses foram divididos em dois grupos, um que realizava 10 minutos de imersão em água gelada (10°C) após as sessões de treinamento (CWI) e outro que realizava 10 minutos de recuperação ativa em cicloergômetro (ACT). Cabe destacar que a separação dos voluntários nos grupos foi feita de forma que ambos os grupos ficassem pareados quanto ao nível inicial de força e massa muscular. Antes e após o período de treinamento, os voluntários tiveram a função muscular avaliada em dinamômetro isocinético, a massa muscular medida através de ressonância magnética e a análise morfológica das fibras musculares determinas após biopsia do músculo vasto lateral da perna dominante. Na segunda etapa, 10 voluntários realizaram duas sessões de treinamento de força unilateralmente em cada uma das pernas. De forma aleatória, cada uma das pernas realizou uma estratégia de recuperação após as sessões, imersão em água gelada ou recuperação ativa. Biopsias do músculo vasto lateral foram obtidas antes, 2, 24 e 48 horas depois das sessões de treinamento. Foram determinados desses pedaços de músculo a atividade das células satélite (células que não se diferenciaram e podem se transformar em células musculares) e a quantidade de proteínas relacionadas à hipertrofia muscular.
Os resultados da primeira etapa mostraram que o grupo CWI aumentou menos a força, massa muscular e a área de secção transversa das fibras do tipo II que o grupo ACT em resposta ao treinamento de força. Na etapa dois os resultados mostraram que a perna que realizou imersão em água gelada após a sessão de treino de força ativou menos suas células satélite e aumentou menos a quantidade de proteínas relacionadas à hipertrofia muscular comparado a perna que realizou recuperação ativa. Portanto, parece que a imersão em água gelada atenua os ganhos de força e massa muscular obtidos com o treinamento de força. Possivelmente isso ocorra pelos seus efeitos negativos sobre a ativação das células satélites e expressão de proteínas relacionadas à hipertrofia muscular.
Referência